Olá amigos do Blog. Continuava em Truk Lagoon, a Capital
Mundial dos Naufrágios. Como todos vocês já sabem, neste arquipélago
paradisíaco, existia uma poderosa base japonesa durante a II Guerra Mundial.
Ela foi bombardeada à extinção por um enxame de quase 500 aviões americanos,
baseados em 9 porta-aviões. Era a Operação Chuva de Granizo e aconteceu nos
dias 17 e 18 Fev 44. Foi algo devastador. Mandaram para o fundo da laguna 12
belonaves e 32 mercantes. Também 275 aeronaves japonesas foram destruídas, a
maioria no solo. Truk ficou fora de combate pelo resto da guerra.
Havíamos mergulhado com nossos guias na véspera, nos
naufrágios do San Francisco Maru e em um torpedeiro Kate. O próximo mergulho
seria diferente. O capitão Higgs fez um rápido briefing e nos informou que
ocorreria entre tubarões. Não acreditei muito pois até então não tinha visto
nenhum destes peixes.
Alcançamos o fundo com 26 m. O assoalho marinho era arenoso,
com blocos de coral espaçados e algumas cabeleiras de algas, ali e acolá.
Existia muita vida marinha e alguns minutos depois começaram a aparecer tubarões.
Não havia nada de especial naquele local mas surgiam cada vez mais tubarões, de
todos os tamanhos, que giravam continuamente em sentido horário. Passavam muito
perto da gente. Nosso guia, Dança com Lobos, colocou uma cabeça de peixe em um
pequeno saco de lona que, positivo e preso a um lastro, foi atacado diversas
vezes. Interessante. Quando o tubarão mordia o saco e sacudia a cabeça como um
cachorro, fechava os olhos através de uma pálpebra horizontal. Vi isto na minha
frente, muito perto mesmo. Minha nossa!
A temperatura da água era de 29 ºC, a visibilidade de 25 m e
quando atingimos os 34 min de tempo de fundo, Dança com Lobos determinou o fim
do mergulho. Antes, pegou um espeto sem cabo, uma tira de borracha que presa ao
polegar e esticada, virou um improvisado arpão.
Por sinais disse que iria caçar seu almoço. Apontou então e
disparou o espeto que foi cravar em um infeliz e colorido peixe. O bicho
estrebuchando e largando sangue me deixou muito preocupado e foi uma subida
angustiosa, sempre olhando para baixo e para trás. Bem devagarinho...Que
história!
Esta jornada completa está no livro De Truk a Narvik.
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Começaram a aparecer os tubarões, vindos de todas as direções |
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O saco de lona com a isca |
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Vinham também por cima |
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Pelos lados |
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Entre os corais |
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Não havia nada de especial naquele lugar |
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Este era grande e veio reto na minha direção |
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Passou junto |
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Um fundo arenoso e com alguns blocos de coral, nada de especial |
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Animais elegantes |
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Entre os mergulhadores |
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Dança com Lobos, o nosso guia, prepara a isca no saco |
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Um mergulho memorável |
Algumas fotos sub foram tiradas pelos meus duplas, o Luís Mota e o Patrick McGreth
cavaleirodasprofundezas@gmail.com
Nestor Antunes de Magalhães é 2º Ten R/1 do Exército Brasileiro, tendo servido os nove últimos anos de sua vida profissional no Museu do Comando Militar do Sul, Porto Alegre. É membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (FAHIMTB), mergulhador CMAS** com quatro especializações, Submarinista Honorário da Marinha do Brasil e recebeu a Medalha do Mérito Tamandaré. Mergulhou em inúmeros naufrágios por toda costa brasileira, destacando, entre outros, a participação em uma expedição exploratória no Parcel de Manuel Luís, Maranhão. Também mergulhou em naufrágios de Truk Lagoon, Hawaii, Golfo de Suez, Golfo de Aqaba, Estreito de Tiran, Estreito de Gubal e Mar Vermelho.
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