Olá amigos do Blog. Que tal uma história insólita? Um
submarino alemão afundado em um rio americano? Seria possível? Pois eu estava
em uma pequena localidade chamada Tall Timbers, Maryland, EUA. Junto comigo
dois notáveis mergulhadores, caçadores de naufrágios ligados ao Institute of
Maritime History (IMH), David Howe e Raymond Hayes e uma pequena embarcação de
apoio, o Roper. Iriamos mergulhar no naufrágio do U 1105, o Black Panther. Este
submarino alemão era um U Boat Tipo VII C/41. Tinha o casco todo revestido por
uma camada de borracha sintética destinada a absorver, atenuar ou desviar as
ondas sonoras/eletromagnéticas do Asdic e do Radar Aliado. Incrível, uma
tecnologia Stealth em 1944. Devido a sua cor cinza, quase negra da borracha,
ganhou o apelido de Black Panther.
Pois no dia 27 Abr 45, o U 1105, patrulhando determinada área
do Mar do Norte, avistou três fragatas britânicas. Manobrando sempre submerso,
disparou dois torpedos G7e Zaunkönig, temíveis engenhos que seguem até o alvo
atraídos pelo ruído dos hélices e mergulhou para as profundezas, pousando no
leito marinho a 172 m. Os dois G7e acertaram a popa da fragata HMS Redmil de
1.300 t e 93 m de comprimento, arrancando um pedaço de 18 m e matando 32
tripulantes. Milagrosamente o navio não afundou, sendo rebocado para terra onde
foi constatada perda total. O Black Panther foi então caçado por 31 horas
consecutivas mas escapou. Seria devido a sua furtividade? Ao que parece, por
mais inverossímil que possa ser, a cobertura de borracha iludiu os Asdic dos
navios ingleses e salvou o U Boat. Que coisa!
Com o fim da II Guerra Mundial, o submarino rendeu-se no dia
11 Mai 45 em uma base da Royal Navy no norte da Escócia. Em 1946, o Black
Panther foi presenteado para os americanos e exaustivamente estudado pela US
Navy, sendo objeto de inúmeros testes acústicos e avaliações. . Em 1948, novos
testes afundaram o U Boat na baia de Chesapeak onde permaneceu até o ano
seguinte quando foi posto a flutuar e rebocado até Piney Point, rio Potomac,
Mariland. Em 1949, uma nova avaliação com carga de profundidade, mandou o
submarino para o fundo lamacento do rio, a 28 m e ali ele ficaria esquecido por
36 anos. Foi somente em 1985 que uma equipe de mergulhadores liderados por Uwe
Lovas, encontrou o Black Panther. Que história!
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O meu U 1105 lá em casa. Um kit Revell na escala 1/72 |
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Torre escalonada com generoso armamento AAe, canhão de 37 mm e canhões de 20 mm. O snorkel está erguido |
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Proa afilada, com as duas escotilhas dos tubos lança-torpedos fechadas |
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Uma popa elegante, com os lemes de direção, de profundidade e os dois hélices |
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Carta náutica com a posição do naufrágio do U 1105 assinalada |
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Desenho que ia pintado na torre do U 1105 |
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O Roper, nossa embarcação de apoio pronto para zarpar na marina de Tall Timbers. A bordo David Howe (e) e Raymond Hayes |
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David no comando do Roper |
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A caminho do naufrágio do Black Panther |
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A boia na superfície, assinala o naufrágio |
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Raymond verificando o equipamento |
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David sobe a bandeira que indica uma operação com mergulhadores no local |
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Preparando para o primeiro mergulho do dia |
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Pronto para entrar na água do Potomac |
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Retornando do mergulho no U 1105 |
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Agora é a minha vez |
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Descendo pelo cabo da boia |
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Um mergulho memorável |
cavaleirodasprofundezas@gmail.com
Nestor Antunes de Magalhães é 2º Ten R/1 do Exército Brasileiro, tendo servido os nove últimos anos de sua vida profissional no Museu do Comando Militar do Sul, Porto Alegre. É membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (FAHIMTB), mergulhador CMAS** com quatro especializações, Submarinista Honorário da Marinha do Brasil e recebeu a Medalha do Mérito Tamandaré. Mergulhou em inúmeros naufrágios por toda costa brasileira, destacando, entre outros, a participação em uma expedição exploratória no Parcel de Manuel Luís, Maranhão. Também mergulhou em naufrágios de Truk Lagoon, Hawaii, Golfo de Suez, Golfo de Aqaba, Estreito de Tiran, Estreito de Gubal e Mar Vermelho.
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